O mundo das estórias infantis é feito de muita imaginação. E é nesse mundo de fantasias que vive a principal personagem de nossas estorinhas: a Borboletinha Mágica. |
A BORBOLETINHA E O PRESENTE MÁGICO
Num vale distante muito longe daqui, há um belo lago bem no meio de uma floresta.
É tão limpo que se chama Lago Azul. Ali vivem muitos bichinhos. Começamos por uma
Borboleta que mora numa árvore . Ela tem corpo de moça e é muito vaidosa.
Adora usar roupa nova .
Sua melhor amiga é uma flor, a dona Margarida, que mora na margem direita do Lago.
A Borboleta sempre desce para visitar a amiga flor :
- Olá dona Margarida, como vai ?
- Tudo bem comigo e com você ?
- Ando meia confusa ultimamente. Não consigo enxergar direito.
- Não consegue enxergar ?! - perguntou a flor.
- Pois é ! Ontem mesmo, eu quase trombei numa árvore. De repente tudo ficou embaçado
e quando vi estava em cima dela. Foi por pouco que não me arrebentei inteirinha.
- É mesmo ! espantou a amiga.
- É sim , o que será que tenho ?
- Não sei, mas acho que o Dr. Sabiá pode ajudar.
- Como faço para encontrá-lo ?
- Não tenho idéia . Porque sei que é muito ocupado.
Nesse instante apareceu na beira do lago o peixe Pedro.
- Parece que ouvi algo sobre o Dr. Sabiá ?
- É , estou precisando encontrá-lo - respondeu a borboletinha.
- Ora, ora , ele está ali do outro lado do lago . Quer que o chame ?
- Por favor , gostaríamos muito - respondeu a flor .
Alguns minutos depois chega o Dr. Sabiá, com sua maleta de médico.
- Olá garotas, qual é o problema ? perguntou com a maior simpatia.
- O problema sou eu, acho que estou doente dos olhos - respondeu a borboleta.
- Preciso examinar então. E foi tirando uma lupa da maleta. Depois de alguns minutos, falou :
- Seu problema não é grave . Vou receitar um bom par de óculos e tudo se revolve.
- O que ? Óculos, o senhor enlouqueceu ? perguntou ela.
- Não - respondeu ele - estou apenas receitando o remédio para curar os seus olhos .
- Mas vou ficar muito feia de óculos ! Não quero.
- Minha querida amiga - disse a flor - são apenas óculos.
Com eles, você irá enxergar muito melhor.
- Não quero . Todo mundo vai rir de mim - disse ela .
- Ninguém vai rir não, por que usar óculos é importante - disse a flor.
- A dona Margarida tem razão - disse o doutor - você precisa usar os óculos.
E pode ficar muito bonita com eles. É só escolher o par certo .
- O senhor acha mesmo ? perguntou cheia de vaidade.
- Mas é claro - respondeu ele.
- Está bem , onde estão ? perguntou decidida.
- Espere aqui. Vou até meu consultório e mandarei minha assistente trazer
a caixa para você escolher. E saiu voando.
Uma hora se passou e nada da assistente com a caixa.
- Está demorando tanto, o que será que aconteceu? Perguntou a borboleta aflita.
De repente descobriu o porquê da demora, viu a tartaruga Teresa se aproximandocom uma caixa
enorme nas costas.
- Olá pessoal ! Foi aqui que pediram para trazer a caixa do Dr. Sabiá ?
- Foi aqui mesmo, os óculos são para mim - disse a borboleta meia triste.
- Então boa escolha para você - disse a tartaruga deixando a caixa no chão .
Duas horas se passaram e a borboleta não conseguia escolher os óculos .
A tartaruga já sonolenta resolveu ajudar. Tirou do fundo da caixa um pequeno
baú de madeira, dentro dele tinha um par de óculos. Ofereceu à borboleta :
- Experimente estes daqui - e deu os óculos para ela.
A borboleta colocou os óculos e consultando o espelho disse : - gostei !!!
- Ficou perfeito - apoiou a flor .
- Sim, vou ficar com esses - e colocou - mas tem algo estranho acontecendo aqui .
Vejo estrelinhas brilhando na minha frente .
- Estrelinhas brilhando !? Que imaginação você tem - disse a tartaruga, sorrindo.
- Agora posso levar a caixa embora ? Tenho outras entregas .
- Pode - disse a borboleta - vou ficar com estes mesmo.
- Nossa, mas como você ficou bonita com eles . Acho que sua vida vai mudar muito de
agora em diante - disse a tartaruga se despedindo.
- Por que ? O que vai acontecer ?
- É só uma palpite . E partiu lentamente com a caixa nas costas .
Mais tarde apareceu o Dr. Sabiá para ver como ela tinha ficado com os óculos.
- Desculpe o atraso, estava com outros clientes - disse ele - borboleta vejo que já fez a escolha .
Ficou maravilhosa com os óculos . Parabéns.
- Obrigado, doutor, parece que passei a enxergar muito mais. Estou vendo até estrelinhas brilhando
na minha frente. O doutor deu um sorriso, depois piscou para a flor e disse :
- Que bom, fico feliz por ter ajudado. Não se preocupe que essas estrelinhas
vão desaparecer com o tempo. E se foi.
Mais tarde a borboleta foi para sua casa. Lá sentada numa poltrona tirou os óculos.
Viu que as estrelinhas desapareciam , voltou a colocar e lá estavam elas de novo brilhando.
Achou tão estranho que resolveu procurar a tartaruga em sua casa.
- Olá. Tartaruga Teresa , vim fazer uma pergunta .
- Já sei o que é - disse ela com tranqüilidade . São os óculos .
- Pois é, você me deu eles e agora vejo um monte de estrelinhas brilhando na minha frente .
- O que está acontecendo ?
- Esses óculos que lhe dei, são mágicos ! A Borboleta se espantou ..
- Mágicos ? São mágicos de verdade ?
- São ! E você verá muitas coisas com eles, o futuro e o passado.
A Borboleta ficou paralisada , não estava acreditando no que ouvia .
- Só tem um detalhe, terá que guardar segredo. Se contar para alguém, e ele acreditar,
a magia acaba no mesmo instante .
- Guardar segredo ? Nem para a Margarida ?
- Ninguém . E sua função é ajudar seus amiguinhos .
- Como assim ? Não entendo .
- Simples, ao ver as estrelinhas, saiba que uma visão mágica vai aparecer .
Pode ser o futuro ou o passado de alguém. Por isso fique em alerta para ajudar.
Você foi escolhida para isso . Só você terá a visão .
- Mas o que devo fazer , depois dessa visão ?
- Depende , às vezes nada, às vezes muita coisa . Encontrará o caminho.
- Agora preciso fazer outras entregas. Adeus . E partiu.
A borboleta ficou olhando para a tartaruga que se afastava lentamente e pensou :
- Nossa, agora sou uma borboleta mágica. E pensar que não queria pôr os óculos.
- Ainda bem que coloquei . Acho que sou uma borboleta de sorte, porque posso ver muitas
coisas e ter muitas aventuras....
F I M
AS VISÕES MÁGICAS DA BORBOLETINHA
Certo dia a borboleta foi dar uma volta e acabou encontrando o elefantinho Elmo
na beira de um perigoso rio. Ele estava entrando na água para atravessar.
Naquele momento a borboleta percebeu que algo muito estranho estava acontecendo .
Viu na sua frente muitas estrelinhas brilhando. Era algo mágico.
Depois das estrelinhas ela teve um sonho, viu o elefantinho sendo levado
pelas águas do rio. Então não teve dúvida, gritou:
- Elmo espere, não entre nesse rio.
Ele sem saber de nada perguntou :
- Por que ? Preciso ir do outro lado agora.
- O rio está muito agitado - começou ela - é melhor esperar a água baixar um pouco.
- Mas preciso levar um recado para minha professora - insistiu ele.
Ela não sabia o que fazer . Precisava pensar numa solução .
- Eu posso levar o recado para você - disse aflita.
- Melhor - disse ele todo contente - assim eu não preciso andar.
- Qual é o recado ?
- Diga para ela que não vou à aula hoje - respondeu sem graça
- Ok . Mas por quê ? Está doente ?
- Não, estou bem - respondeu ele - apenas estou com preguiça de ir.
- Preguiça ?! disse surpresa - Vai faltar na escola por preguiça ? Não acredito.
- Sabe, borboleta, tô com uma moleza nas pernas, acho que prefiro dormir.
- Seu Elmo, não vou levar recado nenhum - disse ela .
- Por que ? Se foi você mesma que se ofereceu ...
- Me ofereci por que achei que fosse algo muito importante. Mas não é por isso não vou.
- Não vai por quê ? Por acaso é feio ter preguiça ?
- Feio ?! - exclamou ela - É a coisa mais horrível que já vi . Foi falando quando teve
uma visão. Nela via os bichinhos da floresta gozando na cara de um elefantinho
muito burro que nem o próprio nome conseguia escrever.
- Você está bem ? perguntou o elefantinho meio desconfiado.
- Estou - disse ela vendo as últimas estrelinhas - vá agora buscar seus materiais.
- É uma ordem minha - disse - amanhã não quero ver nenhum elefantinho com
chapéu de burro perdido por ai.
O elefantinho ouviu aquelas palavras quase sem se mexer e depois olhou bem
para dona Borboletinha e disse:
- Acho que tem razão, vou buscar meus materiais e depois irei para a escola,
por quê não quero usar chapéu de burro . Também preciso aprender bem os números.
- É o melhor que vejo para você .
- Então eu vou agora mesmo, até mais.
Ela ficou olhando para o elefantinho que apressadamente fazia o caminho de sua casa
e ficou feliz de vê-lo andando no rumo certo. Graças as visões mágicas.
Pelo caminho de volta para o lago Azul, dona Borboletinha voava baixinho quando
ouviu um grito do porquinho Léo que brincava numa poça de lama :
- Olá , dona Borboletinha, passeando por aqui ?
- Pois é, Léo estou voltando para casa - disse ela - O que você está fazendo ai ?
- Estou tomando banho - exclamou indignado.
- Banho na poça de lama ? espantou ela.
- É, todo dia tomo meu banho aqui, nessa poçona - e começou a jogar o barro para o alto.
- Pare com isso . Está querendo sujar meus óculos - e foi ai que viu novamente
muitas estrelinhas na sua frente. Era outra visão mágica e via o porquinho doente
num hospital .
- Nunca tinha visto uma borboletinha de óculos, ficou engraçadinha com eles.
De repente a visão tinha acabado. Sentiu que precisava fazer alguma coisa.
- É mesmo ? Pois saiba que engraçado mesmo vai ser encontrar você no hospital,
tomando muitos remédios . Os mais amargos possíveis.
- Nossa, dona Borboletinha, por que está dizendo isso ?
- Por que vejo que a água dessa poça está muito suja. Essa sujeira pode trazer
muitas doenças para você . E pode parar no médico.
- Ora , dona Borboleta, gosto tanto de brincar na água. E não tenho outro lugar para
tomar meu banho .
- Por que não procura uma poça limpa ?
- Porque todas que encontro já tem um dono e ele não me deixa entrar.
- Eu conheço um lago aqui perto muito bonito e limpo .
Lá você poderia brincar tranqüilamente sem medo que ficar doente.
- Onde fica ? perguntou ele interessado .
- Lá onde moro, é tão limpo que chama Lago Azul .
- Com certeza já deve ter um dono .
- Claro que não, pelo contrário, é de todos os bichinhos da floresta.
- Será que posso ir agora mesmo para esse lago ?
- De maneira alguma - respondeu a borboleta - primeiro tem que tomar um bom banho,
tirar toda essa lama , depois pode ir .
- Lá esses bichinhos vão brincar comigo, dona Borboletinha ?
- Claro que sim, só que tem que estar limpo, caso contrário vai sujar toda a água e
ninguém vai poder brincar com você . Agora sai dai e vamos .
O porquinho Léo era cor-de-rosa , mas quando saiu da lama, estava tão sujo que
dona Borboletinha só conseguiu enxergar os olhos dele.
- Vou tomar banho - disse Léo - mais tarde apareço por lá. Quero conhecer todos os
seus amiguinhos e brincar a tarde toda.
- Muito bem, garoto, estarei perto do lago, na casa de dona Margarida .
- Dona Borboleta - começou ele - preciso perguntar algo para você.
- Pergunte, o que quer saber ?
- Quando estava ali em cima voando, vi uma monte de estrelinhas brilhando perto
da senhora . Parecia uma fada com poderes mágicos. O que era aquilo ?
- Como consegue ver com os olhos sujos ? Tem certeza do que viu ?
- Tenho sim! Vi uma luz brilhante - respondeu ele - A senhora é mágica ?
Ela pensou um momento e depois decidiu responder a verdade :
- Claro que sou , uma verdadeira mágica com muitos poderes .
- Está querendo me enganar, dona Borboletinha? Sei que não é uma fada de verdade.
Perguntei por perguntar, apenas queria saber sobre as luzes.
- As luzes são os meus poderes. Acredite se quiser.
- Desculpe , mas eu não acredito. Ninguém consegue ter esses poderes.
- Tem razão estou brincando, não tenho poder nenhum - e pensou - é melhor assim.
- Vou indo então, até mais tarde no lago - disse o porquinho .
- Até - disse a borboleta sorrindo - já estava vendo o porquinho nadando no
lago com a bicharada e feliz da vida.
F I M
A DONA BORBOLETINHA E A GRANDE ENCOMENDA
Numa bela manhã ensolarada a borboleta saiu de casa para dar um volta e quando percebeu
estava bem longe do Lago Azul. Sentiu-se perdida e cansada, precisava também dar uma
limpadinha nos óculos embaçados. Por isso procurou um lugar para pousar.
Do alto avistou duas árvores juntinhas - pensou:
- É ali mesmo que vou parar.
Ao se aproximar das árvores, achou uma delas meia esquisita, tinha o tronco pintado com
círculos brancos e sem nenhuma folha. Mesmo achando muito estranho pousou, estava
cansada demais . Depois de alguns minutos ia partir quando ouviu uma voz :
- Olá borboleta bonita, como vai você ?
- Quem está falando comigo ? perguntou morrendo de medo.
- Sou eu, a Gilda . Você não percebeu que não sou uma árvore? Sou uma girafinha.
- É mesmo ? Estava com os óculos embaçados que confundi você com uma árvore - disse
e saiu voando para vê-la - É realmente não é uma árvore, tinha achado muito triste
uma árvore sem as folhas.
- Pois é , sou a Girafa Gilda , a comprida e desengonçada Gilda - disse ela.
- Nunca tinha visto um animal tão alto como a senhora. Aposto que pode ver tudo daí
de cima sem tirar os pés do chão.
- Isso é verdade, sou o animal mais alto da floresta . Posso ver tudo.
- E tem um pescoço legal, dá para usar muitos colares.
- Ele é bonito sim, mas tem um probleminha - disse a girafinha.
- Qual ? Depois da pergunta ela começou a ver as estrelinhas brilhantes.
Era inverno e a girafinha tremia muito. Seu longo pescoço estava coberto de gelo.
Ficou com dó da pobre girafinha. De repente as estrelinhas sumiram.
E voltou a ouvir a voz de Gilda:
- O problema é no inverno , sofro muito com o vento gelado que passa pelo meu longo
pescoço e congela tudo.
- É mesmo ? perguntou sem jeito - mas porque não usa um cachecol ?
- Esse é outro problema , não tenho nenhum cachecol para usar.
- Que pena.
- Para fazer um precisa de muita lã e alguém que saiba tricotar. Borboletinha, você não
conhece alguém que poderia tricotar essa encomenda para mim ?
A borboleta pensou um pouco e depois disse :
- Tenho uma amiga que mora lá no Lago Azul e borda como ninguém , talvez ela saiba
tricotar também.
- Será que ela poderia me ajudar ? Porque o inverno já está chegando.
- Vou perguntar para ela se pode tricotar e amanhã volto com uma resposta .
- Ok , combinado, vou esperar então.
- Agora preciso voltar para casa, até mais - e saiu voando.
Já no Lago foi visitar dona Margarida, e contou tudo sobre a girafinha.
- Olha - respondeu a flor - tricotar eu posso, mas e a lã ? Onde encontraremos tanta lã ?
- Quem poderia ajudar ? Perguntou a Borboletinha procurando uma saída.
- Não sei . Conheço a ovelha Dede que faz lã, mas nessa quantidade é difícil saber.
- Olá, garotas, como vão vocês ? Era o porquinho Léo que acabará de chegar.
- Estamos bem - disse a borboleta - e você o que tem feito ?
- Nada , estou de folga esses dias - respondeu ele.
- Gostaria de nos ajudar numa encomenda ? E foi explicando sobre o caso da girafinha.
- Claro que sim - respondeu ele - adoraria ajudar.
A história de Gilda se espalhou como o vento e toda a bicharada do Lago Azul queria
também ajudar. Entre eles estavam o elefantinho Elmo, o porquinho Léo , o rato gordo Jorge,
a tartaruga Teresa, a joaninha Gigi, a onça Olga e o sapo Neneu. E também vinham quatro
ovelhas para tirar a quantidade necessária de lã. Todos os dias eles se reuniam na casa
da dona Margarida para ajudar na confecção.
- Já faz uma semana que começamos e está quase pronto, não é mesmo Borboletinha ?
disse a flor.
- É, mas ainda precisamos pensar na cor que vamos pintá-lo - respondeu ela.
- Vermelha, a cor escolhida por todos é vermelha - disse a Tartaruga Teresa.
- E como vamos arrumar tinta vermelha ? perguntou a flor.
- Já sei - começou a Joaninha - conheço uma árvore na floresta que do tronco sai uma
tinta vermelha . Só que tem um problema, ela é difícil de encontrar.
- Que árvore é essa ? Perguntou a borboleta . E por que é difícil de encontrar ?
- Ela chama pau-brasil, existia muitas delas antigamente, mas o animal homem veio e
cortou quase todas. Agora só com muita sorte acharemos uma - contou a Gigi.
- Então vamos todos atrás dessa árvore, cada um procura em um lugar e quem achar
primeiro avisa os outros - disse a borboleta combinando com os bichinhos.
E assim cada um foi para um lado da floresta atrás da árvore rara .
Quase uma hora depois, a onça Olga gritou :
- Achei uma aqui, venham ,achei uma.
E todos foram ver de perto a árvore. Contaram a história da girafinha Gilda e ela deixou tirar
um parte de sua casca com a tinta .
- Muito obrigada, dona árvore - agradeceu a Borboletinha . E voltaram para tingir o cachecol.
Os bichinhos do Lago trabalharam muito para tingir a encomenda e acabaram ficando
vermelhos também .
- Nossa Neneu, de verde virou sapo vermelho - disse o rato gordo - rá, rá, rá . E foi a maior
gozação nele . A tartaruga Teresa estava tão avermelhada que parecia um morango gigante.
Foi uma grande festa para todos terminar o cachecol, afinal era uma encomenda especial.
Um mês se passou quando finalmente o cachecol ficou pronto. Todos fizeram questão de
irem juntos com a Borboletinha entregar a encomenda. O cachecol era tão grande que
tiveram que chamar a mãe do Elmo para levar.
- Não acredito no que vejo - começou a girafinha Gilda - Dona Borboletinha você conseguiu
fazer meu cachecol.
- Conseguimos com a ajuda de todos aqui - explicou ela.
- Estou emocionada de mais, não sei como agradecer - disse Gilda.
- Foi um grande prazer ajudá-la - disse a Borboletinha - espero que goste da cor.
- Adorei , é minha cor preferida . Estou muito feliz pela ajuda de todos. Agora posso esperar
o inverno com tranqüilidade - disse Gilda.
- Vai esquentar bastante seu pescoço porque é de pura lã - disse o sapo Neneu.
- Obrigado seu Neneu , obrigado a todos - agradeceu.
- Vamos colocar o cachecol nela - sugeriu o porquinho Léo - para ver como fica.
- Excelente idéia, seu Léo - disse a Borboletinha.
E a mãe do Elmo que tinha mais força levantou o cachecol com a tromba .
A girafinha baixou o longo pescoço e assim recebeu a encomenda. Todos aplaudiram.
A borboletinha lembrou da visão mágica, onde a girafinha tremia. Ficou feliz porque agora via
a nova amiga quentinha e sabia que ela não ia mais sofrer com o frio. Depois limpou os
óculos e secretamente piscou para a tartaruga Teresa que sabia do seu segredo.
O SONHO DA FORMIGA LENA
A primavera chegou no lago Azul , trazendo com ela muita beleza e alegria para todos.
Em qualquer cantinho havia uma bela flor exalando um delicioso perfume.
Dona Borboletinha acordou bem cedo, limpou seus óculos e depois saiu para encontrar suas
apetitosas flores.
Ela começou a voar de uma árvore para outra quando notou uma guloseima a sua frente.
Um lindo flamboyant, carregado de flores avermelhadas, e exalava um perfume maravilhoso.
Não teve dúvidas.
- Olá, seu Flamboyant, posso me alimentar um pouco em suas flores ?
- Claro que sim minha colega, esteja a vontade - respondeu ele.
- Obrigado - agradeceu antes de começar.
Havia tantas flores ao seu alcance que logo se saciou, então pousou no tronco da árvore para
descansar um pouco , quando percebeu uma formiga sentada ali perto chorando.
- Quem é você e por que chora? Quis saber logo a borboleta.
- Quem pergunta ?
- Eu sou a dona Borboletinha e moro aqui no Lago Azul - apontando para baixo - e você ?
- Sou a formiga Lena . E choro porque não gosto de mim mesma - respondeu ela.
- Ora, ora, por que não gosta de você mesma ? É uma formiga bonita, saudável e me parece normal.
- Sou normal, e é por isso mesmo que me acho feia. Gostaria de ter nascido como você, uma linda
borboleta com asas. Que pode voar para onde quiser. Tem essa cor brilhante e alegre pelo corpo,
cheia de vida. Agora olhe para mim, sou ridícula com essa cor escura , com esse corpo dividido
ao meio, que só anda e não pode voar.
- Mas você nasceu formiga e não borboleta .
- Eu sei, mas eu queria ter nascido borboleta só para voar.
Não gosto de ser o que sou - disse a formiga com tristeza.
- Mas ninguém escolhe como quer nascer. Apenas nascemos e pronto.
- Minha prima que também trabalha nessa árvore, me falou a mesma coisa .
- Ah , então você trabalha aqui ? Perguntou a borboleta.
- Trabalho, trabalho o dia inteiro aqui, mas meu maior sonho é sair voando por ai.
Não me canso de olhar para o céu e me imaginar lá em cima, voando.
- Olha, Dona Lena , posso te dizer uma coisa ?
- Claro , fale o que quiser.
- Você deve procurar ser uma boa formiga e não ficar sonhando com o que nunca vai acontecer.
Nunca será uma borboleta. Será sempre uma formiga.
- O que uma formiga faz ? perguntou Lena - Nada, só anda de um lugar para outro o dia inteiro .
- Claro que não , o trabalho diário de uma formiga é muito importante para a natureza e por mais
simples que pareça é muito necessário. E deve continuar .
- Como assim continuar ? - perguntou a formiga mais interessada.
- Sempre soube que uma formiga é muito trabalhadora, caminha longas distâncias carregando
imensas folhas nas costas para alimentar todos os moradores do seu formigueiro.
Está sempre unida com suas colegas. Nunca passa fome porque não é preguiçosa.
Limpa e organizada , ela pode levar qualquer coisa cinco vezes mais pesada que o seu próprio peso.
É inteligente por que armazena comida para o inverno. Acha pouco importante a tarefa de uma formiga?
- Ouvindo a senhora falar me sinto mais importante .
Mas apesar de tudo isso , ainda tenho uma imensa vontade de voar.
- Olha, Dona Lena, voar você realmente não consegue, mas por outro lado pode ser
uma excelente andarilha .
- E o que tem de interessante nisso ?
- Pode encontrar um esconderijo secreto que eu mesma não posso.
- Como você sabe disso ? Perguntou a formiguinha.
- Observando cada bichinho da natureza e o que cada um pode fazer .
Todos temos uma função aqui na floresta e ela deve ser muito bem feita para dar certo.
O que seria do lago Azul se só houvessem borboletas ? Acabaria com certeza.
Por isso tem um monte de bichinhos que andam , outros que nadam e outros que voam,
diferentes um dos outros. Cada um de um jeito sabendo uma coisa. Mas todos são importantes.
- Sei que a senhora tem razão no que fala , mas gostaria muito de voar. Seria um sonho meu realizado.
De repente a borboletinha teve uma visão mágica . As estrelinhas brilhavam em sua frente
e ela via a formiga contente, sorrindo . O sonho tinha que se realizar . Mas como ? Ficou pensando.
- Deixe-me ver uma coisa - disse a borboleta olhando para a formiga - você é bem pequena.
Talvez seu sonho possa ser realizado.
- Como assim Borboletinha? Vai me emprestar suas asas ?
- Não . Venha aqui, suba em minhas costas, vou prender você no meu cinto.
Segure firme - ordenou a borboleta.
- Dona Borboleta, a senhora não está pensando em voar comigo ?
- Suba depressa - disse ela - antes que mudo de idéia .
A formiga obedeceu e logo estava nas costas da borboleta .
- Lá vamos nós - gritou ela . E num salto subiram ...
A borboleta voou por cima do flamboyant e bateu as asas com segurança .
A formiguinha estava grudada na borboleta e só o que conseguia dizer era:
estou voando, estou voando, posso ver tudo.
Depois de alguns minutos, a borboleta pousou na árvore . Desprendeu o cinto.
- Obrigado, Borboletinha, nunca vou esquecer esse dia - disse a formiga quase sem voz.
Sou a primeira formiga do flamboyant que voou .
- Agora que o seu sonho está realizado, espero que seja uma formiga feliz.
- Serei, por que percebi que asas nunca vou ter mesmo, então serei uma formiga boazinha .
E vou fazer meu trabalho o mais feliz possível.
- Que bom, estou feliz porque você apreendeu a gostar de si mesma, como a natureza te fez.
- Sabe o que mais, Borboletinha, vou procurar sempre melhorar o que estiver
fazendo e serei companheira das outras formigas.
- Excelente, isso foi a melhor coisa que ouvi hoje.
Agora preciso voltar para minha casa, apareça uma hora no lago para me visitar.
- Quando tiver uma folga no trabalho eu irei.
A formiga viu a Borboletinha sair voando e suspirou, ainda não acreditava que tinha
realizado seu grande sonho. Precisava contar para todos.
Fonte - Cantinho da garotada.
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